segunda-feira, 7 de julho de 2008

Vista do crepúsculo no final do século

Está envenenada a terra que nos enterra ou desterra.
Já não há ar, só desar.
Já não há chuva, só chuva ácida.
Já não há parques, só parkings.
Já não há sociedades, só sociedades anónimas.
Empresas em lugar de nações.
Consumidores em lugar de cidadãos.
Aglomerações em lugar de cidades.
Não há pessoas. Só públicos.
Não há visões. Só televisões.
Para elogiar uma flor, diz-se: "parece de plástico".



Eduardo Galeano - De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso


Texto do jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano, que foi trabalhado no Workshop de Criatividade e treino do Actor, cujo exercício final foi apresentado a 15 de Junho na BPARPD.

Agora e aqui, é especialmente dedicado aos pais e educadores das crianças que nos têm visitado no "Jardim da Dona Clara", em cena na BPARPD.